<description>Este texto contém spoilers da série The Last of Us! Estou escrevendo este texto no dia 30 de Janeiro de 2023, um dia após o lançamento do terceiro episódio de The Last of Us, série da HBO baseada no jogo homônimo de Playstation. Sendo assim, a série ainda tem muita estrada pela frente até terminar &amp;#8230; &lt;a href="https://60hertz.home.blog/2023/01/30/the-last-of-us-ja-e-uma-adaptacao-fenomenal/" class="more-link"&gt;Continue lendo &lt;span class="screen-reader-text"&gt;The Last of Us já é uma adaptação&amp;#160;fenomenal!&lt;/span&gt; &lt;span class="meta-nav"&gt;	&lt;/span&gt;&lt;/a&gt;</description>

60 Hertz

Bruno Floriano

The Last of Us já é uma adaptação fenomenal!

JAN 30, 2023-1 MIN
60 Hertz

The Last of Us já é uma adaptação fenomenal!

JAN 30, 2023-1 MIN

Description

Este texto contém spoilers da série The Last of Us!

Estou escrevendo este texto no dia 30 de Janeiro de 2023, um dia após o lançamento do terceiro episódio de The Last of Us, série da HBO baseada no jogo homônimo de Playstation. Sendo assim, a série ainda tem muita estrada pela frente até terminar a temporada, que terá um total de nove episódios. Ainda assim, eu achei pertinente emitir algumas opiniões desde já, pois 3 episódios foi o suficiente para demonstrar uma incrível capacidade de adaptação (até pouco tempo diminuta no histórico de dramaturgias baseadas em video games) e construção de narrativas humanas e incrivelmente emocionantes.

Os dois primeiros episódios são magníficas adaptações dos capítulos iniciais do jogo sem, no entanto, esquecer a mídia atual. O início da jornada do Joel, desde o remoto passado em que perde a filha, até o início da sua caminhada com a Ellie seguem fielmente as sequências do jogo, com algumas cenas replicando quadros praticamente idênticos. A produção, no entanto, usa as características da mudança de mídia para acrescentar mais detalhes à história (algo que no jogo é feito através de cartas e colecionáveis, que não podem ser repassados diretamente para o formato de vídeo).

Alguns bons exemplos são a cena inicial do médico em um programa de entrevista falando sobre uma possível pandemia de fungos e a jornada da Sarah para comprar o relógio de presente para o pai. No primeiro caso, os roteiristas fazem uso da situação do mundo real (pós-pandemia) para nos colocar informações sobre a história que estamos prestes a ver, aproveitando o conhecimento e familiaridade do público com pandemias e explicações de médicos nesse tipo de programa (vale dizer, é muito improvável que uma pandemia semelhante aconteça de verdade). No segundo o caso, a jornada da Sarah na cidade serve não só para termos empatia com a personagem que logo morrerá mas também para mostrar o início de uma infecção que ninguém estava vendo surgir. Nenhuma dessas histórias estão no jogo.

A fotografia merece um destaque especial, pois consegue mostrar as dualidades entre um mundo destruído com uma natureza que renasce, assim como o contraste do pessimismo da experiência (personalizado no Joel) com o otimismo jovem e esperançoso (personalizado na Ellie). Podemos analisar a fotografia colocando esses sentimentos através da iluminação de algumas cenas, para onde a luz aponta e onde que fica a sombra.

O terceiro episódio, em particular, trouxe uma carga dramática intensa, mas não incomum para os fãs dos jogos. Neste capítulo, apresentou-se a história de Bill e Frank, um casal que passou anos sobrevivendo juntos em condições relativamente isoladas de toda a confusão existente nos centros militares controlados pela FEDRA ou dos ativistas Vagalumes. O roteiro não é leviano de mantê-los completamente desconectados da história principal. Na verdade a conexão com a jornada de Joel e Ellie é muito marcante, apresentando, inclusive, um reflexo maravilhoso na história das duas duplas. Afinal, a moral da história é que, naquele mundo de completo caos e destruição, o que nos mantém vivos é, e sempre será, a vontade de proteger aqueles que nós amamos. O que faz uma boa história, se não a conexão humana?

A história de Bill e Frank difere um pouco com o que está nos jogos, mas mais uma vez, isto é feito seguindo fielmente a essência das histórias de The Last of Us que são, acima de tudo, história de pessoas e até vamos por elas. A ambientação baseada na distopia e no apocalipse zumbi se fazem simplesmente para intensificar essas relações e apresentar dilemas morais interessantes (além de ótimas cenas de ação).

Acredito que a série da HBO tem condições, mesmo que ainda não tenha finalizado sua primeira temporada, de ser sim considerada a melhor adaptação live action de algum jogo. No passado recente tivemos a incrível Arcane como uma grande rival, mas que fica no campo das animações. De qualquer forma, podemos afirmar que a antiga maldição de adaptações de games está sim no passado: Sonic e Castlevania são outros exemplos que demonstram que isso já é possível. O vindouro filme do Super Mario talvez continue essa nova leva de boas adaptações. E que mais possam vir como The Last of Us, pois o que não falta nos games são boas histórias sobre humanos e suas conexões.