<p>Arrasto letras pelo fio da caneta</p>
<p>e me transporto ao exercício das mãos</p>
<p>como se por elas</p>
<p>pudesse escorrer o fogo, a força bruta</p>
<p>e a vida pudesse caber entre entre os dedos.</p>
<p>Mas não cabe.</p>
<p>A vida jorra dos peitos</p>
<p>em jatos de leite.</p>
<p>A vida desce dos olhos</p>
<p>em fios de lágrima.</p>
<p>A vida derrama nas mãos</p>
<p>em um rio de letras.</p>
<p>A vida vaza das veias,</p>
<p>dos gestos</p>
<p>e da voz.</p>
<p>(Do livro Calor)</p>