E agora, Josefina?

Qual foi a última vez que você conseguiu ter uma conversa de peito aberto e produtiva com alguém que você discorda? Daqui a gente não consegue ouvir sua resposta, mas é provável que você ainda esteja pensando sobre quando isso aconteceu. E essa dificuldade pode ter muita coisa a ver com a “polarização”, que certamente você já deve ter ouvido falar. Ainda que esse fenômeno fique mais evidente quando falamos de política partidária (pense nas últimas eleições presidenciais no Brasil e nos EUA, para citar apenas dois exemplos), a polarização já se alastrou para muito além do âmbito político. A cada grande pauta que ganha os holofotes (e as redes sociais), cada uma de nós se vê quase que sentenciada a tomar partido e escolher um dos dois pontos extremos do debate. E, consequentemente, estar contra tudo o que “o outro lado” disser ou pensar.  Pensando nisso, convidamos a Carol Nalon, do Instituto Tiê para conversar com a Elis, do Instituto NOW. E agora, Josefina? É possível se conectar com quem pensa muito diferente de nós?

Um tema que volta e meia chega até a gente do Instituto NOW que é sobre o quanto essas competências de que a gente tanto fala são acessíveis a todes. Talvez isso se deva ao fato prestarmos serviços a organizações de intercâmbio, algo que, infelizmente, ainda é restrito a um público privilegiado. Pensando nisso, a gente convidou a Rahel do Instituto NOW, que vocês já conhecem de outros episódios, e o Fernando Granato, da Quíron Educação, que tem uma larga experiência em programas de aprendizagem com os mais diferentes públicos. E Agora Josefina? Competências são acessíveis a todes? Como construir uma estrutura de desenvolvimento de competências que leve em conta uma realidade social tão desigual quanto a do nosso país?

Quando a gente fala em facilitar grupos ou processos de aprendizagem, é comum que surja uma dúvida logo de início: se, num grupo, os anseios, bagagens e necessidades de cada pessoa muitas vezes são bem diferentes entre si, como a gente faz pra que todo mundo interaja e o coletivo saia fortalecido? Em outras palavras, como equilibrar o foco no grupo tendo também um olhar para as individualidades? Para trazer mais uma camada de complexidade, uma boa facilitadora também consegue engajar as pessoas em diferentes níveis, indo além do nível mental ou racional ao qual muitas vezes a gente se  limita. Ou seja, a busca é por ter uma abordagem mais holística, que ofereça aos participantes diferentes possíveis “portas de entrada” e de conexão com o conteúdo. Para discutir o assunto, convidamos Helena Gomes, sócia-fundadora da Fio Facilitação e Elis Motta, do Instituto NOW.

Em 2020, a pandemia fortaleceu a ideia de que o mundo é um só: altamente conectado e interdependente. A ameaça de um vírus contagioso e a necessidade de sobrevivência imediata finalmente escancararam para a humanidade a interdependência global - alerta que já vinha sendo feito há algumas décadas por ambientalistas em relação ao aquecimento global, por exemplo. Mostraram também que isso não anula o que há de específico na realidade social, cultural e econômica de cada país (e que aprender a lidar bem com essa diferença e diversidade é fundamental para avançarmos juntos). Diferente de nós, que demoramos muito para aprender isso, será que as crianças e adolescentes de hoje serão mais habilidosos em lidar com essa realidade global num futuro próximo? E mais: será que os sistemas de ensino atuais estão preparando a juventude para isso?

Nos últimos meses, o Brasil tem visto uma intensa movimentação em torno da política por conta das campanhas para as eleições municipais. Aliás, há anos, a política mais ligada aos partidos tradicionais e aos grandes nomes da situação e da oposição tem sido pauta das conversas cotidianas na Internet, na mesa do bar, nos encontros de família... O episódio de hoje do E Agora, Josefina? não é uma pergunta sobre se é possível, porque a gente sabe que é (!), mas é sobre como fazemos da política um lugar para desenvolver competências coletivamente. Para discutir o assunto, convidamos Silvane Silva, professora de História com forte atuação política comunitária, especialmente junto a comunidades indígenas e quilombolas, e Fernanda Ogasawara, do Instituto NOW.